Manifestações apreensivas em relação ao grave momento de crise que atinge o país marcaram a solenidade de abertura do 9º Congresso Nacional dos Trabalhadores na Indústria do Plano da CNTI, realizada na manhã deste domingo, 23 de outubro, no Centro de Treinamento Educacional, em Luziânia (GO), com a participação de cerca de 700 industriários de todo o país. O evento ocorre paralelo às comemorações dos 70 anos da Confederação.
O evento prossegue até a próxima quarta-feira, 26, e os congressistas têm como pauta a conjuntura atual e seus impactos no sindicalismo; estrutura sindical e seu custeio; relação entre capital e trabalho; perspectivas e contradições sobre a proposta de reforma da Previdência Social; igualdade de oportunidades e discriminação; e meio ambiente que, por suas peculiaridades, alcançam todos os grupos da Confederação.
Logo na abertura, o advogado Jairo Leandro Luiz Rodrigues, da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado de Santa Catarina, cerimonialista do evento, leu mensagem de Charles Chaplin de incentivo à luta com determinação, “porque o mundo pertence a quem se atreve”. Deixa usada pelo presidente da CNTI, José Calixto Ramos, ao abrir oficialmente o evento.“É oportuna a realização do Congresso nesse momento de muita inquietação. Chaplin fala da convivência com as diferenças e nesta casa procuramos eliminar as dificuldades e trazer todos para a unidade, formar parceiros para enfrentar os desafios”, ressaltou.
José Calixto falou da necessidade de que os sindicatos estejam conscientes da gravidade do momento e de suas consequências para a classe trabalhadora e para a sociedade em geral. “Vivemos uma profunda crise política, que alimenta a crise econômica e, lamentavelmente, uma crise moral. Necessitamos de avanço, não à toda prova, mas consumadora de ideias de todos os trabalhadores e da sociedade para chagarmos a um objetivo maior”.O presidente da CNTI disse que os trabalhadores devem se unir. Segundo ele, o patrão investe com a visão do retorno e do lucro, sem consciência da sua responsabilidade social; e o governo atua por um Estado mínimo. “Temos hoje mais de 50 projetos tramitando no Congresso Nacional, mudando as relações de trabalho, reduzindo e até retirando direitos”, alertou.
O congresso prosseguiu com o início dos debates divididos em grupos: indústria do vestuário; fiação e tecelagem; indústria extrativa; indústrias urbanas; indústria da borracha; indústria do papel; indústria joalheira, relojoaria, vidro, cristal, cerâmica, instrumentos musicais, brinquedos e químicos; construção e mobiliário; e alimentação, gráficos e metalúrgico.
“Cada grupo fará seu relatório. O que for convergente de todos os grupos vai constar do relatório geral e o que for específico será incluído em separado nos anais do 9º Congresso”, explica o Secretário de Educação da CNTI e coordenador de logística do evento, José Reginaldo Inácio.
Dirigentes ressaltam liderança de José Calixto e importância da CNTI
Após a execução do Hino Nacional pela banda de música da Polícia Militar de Luziânia, as lideranças sindicais presentes ao 9º Congresso da CNTI revezaram-se nas saudações.
Em nome das entidades estaduais da Nova Central, da Contricom e da Feticom/SC, Altamiro Perdoná, lembrou a função do plenário de buscar diretrizes para o movimento sindical.
Gláucia Morelli, da Federação das Mulheres do Brasil e da Federação internacional de Mulheres, ressaltou o compromisso da CNTI com a bandeira da igualdade e oportunidade. “Lutamos ombro a ombro, homens e mulheres, por um país mais justo”, disse.
Representando as federações filiadas à CNTI, Aparecido José da Silva, da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de São Paulo, ressaltou a organização dos industriários. “Esta Confederação, que completa 70 anos, com essa diretoria, com 39 federações e mais de 600 sindicatos e com o líder José Calixto é um exemplo”.
“Não vamos ter trégua. Confiamos na responsabilidade e na competência na Confederação e na sua diretoria para enfrentar os desafios e orientar as ações do nosso dia a dia. Vamos discutir alternativas e exigir postura de nossos representantes, pois não basta criticar”, destacou Luzia Falcão, da Federação da Indústria do Vestuário do Rio de Janeiro, falando também em nome das federações filiadas.
O coordenador do Fórum Sindical dos Trabalhadores e presidente da CONTEC, Lourenço Ferreira do Prado, falou em nome da UGT e das confederações presentes – CNTTT, CNPL, Contratuh e CNTS. “Completar 70 anos com toda essa pujança e vigor é muito importante. Vida longa, combatividade e luta para a CNTI”, desejou.
Em nome da Nova Central falou o presidente da Contratuh, Moacyr Roberto Tesch Auersvald, que parabenizou a CNTI pelos temas em debate no 9º Congresso. “Temos em tramitação projetos que nos levarão a ser cada vez mais parceiros e menos trabalhadores com direitos”, disse, citando as propostas de flexibilização e ampla terceirização. Também citou a importância do debate acerca da previdência, homofobia e violência.Calixto recebe homenagens
O presidente da CNTI foi homenageado com o certificado da Cruz Vermelho, filial do Rio Grande do Norte, em nome de todos os trabalhadores e voluntários da organização, com votos de que “o trabalho em parceria seja duradouro”. O secretário-regional da Segunda Secretaria da Região Nordeste - Rio Grande do Norte e Paraíba, Pedro Ricardo Filho, também recebeu o certificado. As entregas foram feitas por Raimundo Nonato de Araújo, do Sindagua/RN, Representante Profissional e Internacional da CNTI e representante da Cruz Vermelha Brasileira, filial do RN.
Em momento emocionante, o presidente da CNTI foi homenageado com o vídeo José Calixto Ramos – O espelho, com mensagens de lideranças sindicais, dirigentes da CNTI e familiares, que vieram de Pernambuco para participar do momento, ressaltando a vida e o trabalho do líder. Sabedoria, honestidade, humildade, disponibilidade para o trabalho e solidariedade foram as qualidades e virtudes ressaltadas nas mensagens.
Por Geralda Fernandes
Foto: Julio Fernandes
Agência Fulltime